quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Hoje é o dia do Saci-Pererê
















O conceito de folclore se fundamenta no conjunto de crenças, lendas, festas, superstições, artes, costumes e tradições de um povo. Folclore, palavra de origem inglesa com origem na expressão folk (povo) e lore (sabedoria), significa sabedoria popular.

As manifestações folclóricas são, na verdade, a forma de pensar, de agir e de sentir de um povo e geralmente transmitidas oralmente e através do ato de representar. De autoria desconhecida, são passadas através dos tempos, de geração em geração. São saberes não encontrados nos ambientes escolares. É um conhecimento produzido pelas pessoas comuns.

Com toda sua simplicidade, apresenta características representativas de uma região e como cultura popular, é de fundamental importância, pois somos formados por meio de nossas expressões culturais, costumes e tradições. Através das diversas manifestações culturais do folclore pode-se conhecer a cultura e a tradição de um povo e compreender sua ressignificação, presente nos dias de hoje.

As crenças, mitos, lendas, festas, superstições e artes são a essência de um povo e se fazem presentes no nosso cotidiano, ainda que inconscientemente - na medicina popular, na religião, nos ditados populares, nas simpatias e nas estórias que sempre apresentam um cunho moral.

Produtos baseados em saberes e fazeres locais são instrumentos inestimáveis no processo de fortalecimento e recuperação dessas identidades culturais. São fruto de atividades que conservam e fundem tradições, onde a imensa diversidade é reflexo da convivência entre realidades culturais, econômicas e sociais diversas. A cultura popular estabelece uma ponte entre os cidadãos brasileiros, aparentemente tão isolados pelas distancias culturais, territoriais e sociais. Valorizar produtos de cunho tradicional, ligado aos modos de vida do lugar, às matérias primas disponíveis, aos conhecimentos transmitidos pelos mais velhos por ensino informal e a partir da vivência da própria comunidade é revitalizar nosso patrimônio cultural.

Hoje é o dia do Saci-Pererê, uma lenda do folclore brasileiro que se originou entre as tribos indígenas do sul do Brasil. Possui apenas uma perna, usa um gorro vermelho e sempre está com um cachimbo na boca. Inicialmente, o Saci era retratado como um curumim endiabrado, com duas pernas, cor morena, além de possuir um rabo típico. Com a influência da mitologia africana, o saci se transformou em um negrinho que perdeu a perna lutando capoeira, além disso, herdou o pito, uma espécie de cachimbo, e ganhou da mitologia europeia um gorrinho vermelho. O Saci é portanto, resultado de toda essa miscigenação brasileira.

A principal característica do saci é a travessura - ele é muito brincalhão, diverte-se com os animais e com as pessoas. Por ser muito moleque ele acaba causando transtornos para as vítimas de suas peripécias. Segundo a lenda, o Saci está nos redemoinhos de vento e nascem em brotos de bambus, onde vivem sete anos e, após esse tempo, vivem mais setenta e sete para atentar a vida dos humanos e animais, depois morrem e viram um cogumelo venenoso ou uma orelha de pau. =)

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Consumo Consciente

Tornar-se um consumidor consciente não é tão fácil quanto parece. Para ajudar as crianças e professores nessa supermissão, o Instituto Akatu lançou o Edukatu - uma rede de aprendizagem que nasceu para incentivar a troca de conhecimentos, valores e práticas sobre consumo consciente entre professores e alunos de escolas em todo o Brasil.

Desenvolvido e promovido pelo Instituto Akatu, reúne informações e materiais e convida os participantes a realizarem atividades por meio de uma experiência inovadora de circuitos de aprendizagem e de ferramentas interativas. 

Quer ser um instrumento de mobilização, facilitando o desenvolvimento de uma comunidade de engajamento contínuo em favor do consumo consciente. Nessa rede, cada participante se tornará um disseminador, ampliando de forma colaborativa o alcance dos debates e intervindo diretamente no dia a dia e nas práticas cotidianas das pessoas ao seu redor.

O projeto partiu da importância do educador como agente transformador, seja ele professor, pai ou mãe e se apoia na urgência da educação para a sustentabilidade, reforçada no documento final da Rio+20 “O futuro que queremos”.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Produtos com Propósito
















http://vimeo.com/52826809

Introduzida no Brasil no período colonial, a renda renascença difundiu-se rapidamente no Nordeste brasileiro especialmente em Pernambuco e Paraíba. A técnica teve sua origem na ilha de Burano, em Veneza, Itália, no século XVI e foi trazida por freiras europeias que se fixaram em Olinda, Pesqueira e Poção.

Era uma arte proibida que não podia atravessar os muros da igreja mas que passou a ser compartilhada “ilegalmente” entre as mucamas que acompanhavam as sinhazinhas dentro dos internatos e tinham acesso à técnica dominada pelas freiras. Desde então, transmitida de geração em geração e herdada por mães, avós ou tias, a tradição chegou a outros estados e hoje abriga milhares de mulheres rendeiras na região do semi-árido brasileiro.

Estilo de renda feita exclusivamente a mão com traços marcantes onde predomina um intricado de códigos de nós, pontos e entrelaçados, a renda renascença é um tecido construído e estruturado pela própria rendeira. Nela, os motivos do desenho são feitos à medida que a rendeira produz o fundo que estrutura o tecido. É confeccionada com agulha, linha e lacê de algodão. Cada ponto é nominado segundo elementos da natureza, comidas, ou expressam sentimentos e esperanças de suas artistas: aranha, abacaxi, traça, cocada, xerém, amor seguro, laço, sianinha, malha e amarrado. À procura da claridade necessária à produção da minúscula renda, as mulheres tradicionalmente bordam nas portas de suas casas.

Devido ao longo e rigoroso período de secas, no final da década de 90, a Região do Cariri paraibano apresentava baixíssimos índices pluviométricos e de desenvolvimento humano (IDH), além de sério processo de desertificação, o que reduzia todas as suas possibilidades de desenvolvimento. A histórica atividade da renda renascença estava em declínio, condicionada a uma relação comercial desfavorável, quando as rendeiras vendiam suas peças a preços irrisórios para os poucos intermediários que ousavam desbravar esse território.

Para resgatar essa atividade e transformá-la em uma alternativa de desenvolvimento sustentável para essas comunidades, surgiram diversos programas e iniciativas governamentais. Centenas de rendeiras organizadas por associativismo se integraram às ações que buscavam recuperar a qualidade dos produtos, estimular a prática associativista e descobrir novos mercados como forma de criar oportunidades de trabalho e renda digna por meio de seus talentos e produções de tradição.

Presentes até hoje, esses programas representam para estas mulheres a oportunidade de uma revolução que as liberta da domesticidade e as torna autônomas de sua condição financeira e social. Hoje, a técnica da renda renascença, adquirida pelos colonizadores há mais de um século como herança cultural é o acesso a dignidade para essas milhares de mulheres do agreste brasileiro.