quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Procurando por produtos sustentáveis?










Considerado um filho da selva, o ex-seringueiro viveu até os 14 anos na floresta. A infância e a adolescência lhe deram intimidade com a fauna e a flora, especialmente com as árvores. Com o pai aprendeu a construir barcos, iniciando na carpintaria e marcenaria. O avô o alfabetizou e lhe contou histórias, estimulando sua curiosidade pelo conhecimento formal e o prazer da imaginação. 
Aos 14 anos foi estudar num seminário em Santa Catarina, convivendo com uma população de origem alemã. Provou de invernos rigorosos, da alimentação estranha ao seu paladar e de modos de proceder diferentes dos seus. Amargou a distância da família e do seu habitat e experimentou o preconceito. 
Enfrentava cinco quilômetros de caminhada diária para assistir às aulas de filosofia, teologia, arte, botânica, alemão. Diante do desafio de atravessar o abismo entre a tradição amazônica e a germânica, o caboclo, que era cria da floresta e foi feito de uma fibra extraordinária, encontrou a capacidade de se adaptar e superar as situações adversas. Era guiado por um ideal, uma necessidade profunda de aprender. 
Também principiou na marchetaria - arte de embutir madeiras coloridas em superfícies também de madeira, compondo motivos. A técnica surgiu em 3.000 anos a.C, foi praticada pelos egípcios antigos e teve o apogeu na Europa, no Século XVI. 
Mergulhou fundo nessa arte, orientado por um padre. A imersão foi exaustiva: doze horas diárias de labuta. Teve a chance de estudar na Alemanha. Numa formidável fusão de saberes, a pulsação vibrante da Amazônia encontrou a sofisticação do espírito alemão. Depois na Suíça, lapidou ainda mais o seu talento. Desde 95 estabeleceu-se na Amazônia e criou uma Oficina-Escola onde uma centena de alunos já passaram, especialmente filhos das comunidades ribeirinhas. Ensinar a arte protegendo a mata é sua grande missão.
Com os moradores do Seringal onde nasceu, que, para seu abalo, reencontrou devastado, deu início a um projeto de reflorestamento. Juntos, já plantaram mais de 30 mil árvores. Dentro do Seringal implantaram uma espécie de posto avançado de estudos, com acomodação para receber acadêmicos de biologia, agronomia, engenharia florestal e das ciências que pesquisem a floresta, sobretudo seu uso sustentável. 
Hoje, um artista reconhecido internacionalmente, o seringueiro derrama em suas imagens baldes de luz, sombra, profundidade, cores, perspectiva, proporções e apurado senso estético, com todo o domínio técnico que edificou ao longo da vida. 
Um arte que narra a floresta soberana, variadas flores que transbordam delicadeza e a história da gente do seu lugar. O material recolhido é transformado em lâminas, que conservam os desenhos da madeira. É tão delicado, tão perfeito, que parece uma pintura - mas não há um pingo de tinta. Só as cores naturais de uma Amazônia morta pelas queimadas e pelos desmatamentos. Carregam o cheiro e as cores naturais de mais de 150 espécies de árvores e plantas amazônicas. A inspiração, a criatividade, o isolamento, a sabedoria de uma população que vive em paz com a floresta. 
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