Cercada pela Mata Atlântica do Alto Vale do Ribeira, o
bairro do Encapoeirado, segundo contam, já foi lugar de escravos fugidos. A região
é classificada como o mais baixo índice de IDH – Índice de Desenvolvimento
Humano do estado de São Paulo e é famosa em todo o Brasil pela produção de
cerâmica de tradição.
As mestras artesãs deixaram a herança de produzir peças
utilitárias, bonecas, bichos e moringas, há mais de 200 anos – e a tradição ainda
é transmitida de mães para filhas.
Nesse cenário, surge uma iniciativa com o propósito de resgatar
esse patrimônio e propor possibilidades de aplicar toda essa sabedoria como ferramenta
de transformação.
O ponto de partida foi a formalização da Associação, em
2005, formada por mulheres agricultoras e artesãs que dividiam esse mesmo sonho
e que homenageia uma das mais importantes mestras da comunidade.
Os objetos, feitos em barro, não se utilizam de tornos ou
outras máquinas - são criadas com a técnica do “rolinho”. Depois de moldados,
alisados e secos, são decorados com uma pintura feita a partir do próprio barro,
de diversas cores. Em seguida, vão ao forno para queimar.
A oficina passou por grandes mudanças, o espaço está maior,
mais claro, mais seguro. A nova “maromba” facilita o trabalho de preparo do barro,
extraído a partir de práticas sustentáveis. A construção do novo forno aconteceu de forma coletiva, com
a comunidade inteira amassando o barro e assentando os tijolos. Bairros
vizinhos já pedem ajuda para construção de seus próprios fornos.
Buscam, a partir de agora, a sustentabilidade econômica para
poder expandir-se para outras comunidades de forma estruturada, levando novas
possibilidade a outras famílias da região.
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